terça-feira, 9 de março de 2010

Elocubrando sempre

Somos todos trouxas

Estamos sendo enganados o tempo todo; são políticos que não cumprem suas promessas, são profissionais incompetentes (mecânicos, encanadores, eletricistas), vendedores desonestos, falsos mendigos e por aí a fora.
Acabei de descobrir mais uma modalidade de tapeação que me deixou muito puto; vou contar.
Em casa usamos sabonete líquido nas pias dos banheiros; esse sabonete vem num frasco de plástico e tem uma bombinha manual para aspirar o sabonete e borrifá-lo para fora do frasco. Fui lavar as mãos e ao apertar a bombinha do frasco não saiu nada; vi que o sabonete estava acabando e o caninho da bomba não conseguiu sugá-lo. “Maldição”, pensei, ainda tem sabonete e não consigo usar. Fiquei com preguiça de procurar outro e resolvi botar um pouco de água naquele frasco para possibilitar sua sucção; funcionou e percebi que mesmo diluído com muita água, havia espuma suficiente para lavar perfeitamente as mãos; esse restinho durou mais uma semana.
Resolvi fazer outra experiência: peguei um novo frasco de sabonete líquido e dilui com 1/3 de água; resultado: mesmo efeito do que o sabonete puro. Uma golfada é suficiente para lavar as mãos, exatamente como o sabonete puro. Na próxima vez vou botar metade de água e não ficarei surpreso se funcionar.
A conclusão é óbvia: estamos comprando sabonete excessivamente concentrado, gastando muito mais produto do que o necessário e aumentando o faturamento do fabricante. Tenho certeza que o mesmo deve acontecer com xampus, condicionadores e afins.
Não sei se o PROCOM ou outro órgão de defesa do consumidor já percebeu esse estelionato, mas é o tipo de assunto que os meios de comunicação não vão tratar, pois é contra o interesse de grandes anunciantes.
É claro que a economia que vou fazer não vai diminuir substancialmente o lucro da empresa nem aumentar meu saldo no banco, mas só o gostinho de saber que pelo menos escapei desse golpe já vale a pena.
Podem me xingar


E escolher a forma de xingamento, mas decidi não torcer para o Brasil na próxima Copa do Mundo. E por vários motivos:
1) Se o Brasil ganhar, o Lula vai achar um modo de faturar em cima da vitória.
2) Se o Brasil ganhar, o Galvão Bueno vai ficar ainda mais intragável.
3) Se o Brasil ganhar, vai ser a vitória do futebol feio e a chamada “Era Dunga” vai prevalecer por muito tempo, em prejuízo do futebol bem jogado.
4) Se o Brasil ganhar, vai haver outro carnaval no meio do ano, com o povão comemorando dias a fio e esquecendo a roubalheira que campeia a solta no país.
Assim, assistirei ao maior número possível de jogos (se puder a todos), mas impávido e livre para torcer para quem jogar melhor e mais bonito.
Garanto que vou aproveitar a Copa melhor que vocês.
Departamento "Colaboradores"
O texto adiante me foi mandado pelo meu amigo Eduardo Pires. Espero que gostem.
O jogo dos vinte erros
As narrativas dos jogos são sempre feitas a partir do ponto de vista dos times grandes. Mas e se fosse o contrário? E se os pequenos é que fossem o foco da atenção do jornalista? Nesse caso veríamos muitos dos vícios do jornalismo (que colocarei entre parênteses). Acho que o texto seria mais ou menos assim:

O Naviraiense (1) jogou bem postado na defesa e teve algumas boas chances de vencer o jogo, mas o goleiro Felipe, em noite inspirada (2), impediu a vitória. O lateral-esquerdo Jean Batatais (3) foi o melhor em campo, defendendo bem e indo com velocidade ao ataque, mas acabou sendo atingido por Neymar, que teve que abusar da violência para parar o craque de Naviraí (4).
No finzinho de jogo, numa despretensiosa bola levantada sobre a área, o adversário marcou o gol da magra vitória (5). Para a próxima partida, basta uma vitória simples para o time do técnico Paulo Resende levar a decisão para os pênaltis (6).
Pela Libertadores, o Racing saiu na frente mas cedeu (7) o empate ao Corinthians, time brasileiro sem tradição na disputa continental (8).
Cauateruccio (9) abriu a contagem antes do primeiro minuto. O gol relâmpago deu esperança de goleada, mas ela não veio. E, como quem não faz, toma, o adversário conseguiu o empate com o volante Elias (10).
Para piorar, no segundo tempo o miolo de zaga do Racing falhou mais uma vez (11) e permitiu a Elias fazer seu segundo gol. O time partiu para o ataque, com pressa, mas o Corinthians usou a catimba brasileira (12) e ficou tocando a bola até o juiz encerrar a partida. No jogo de volta, certamente as coisas serão diferentes (13).
Já o Confiança bobeou e apenas empatou com o Fluminense, time da cidade do Rio de Janeiro. O adversário até marcou primeiro, com uma cabeçada fortuita do zagueiro Gum (14). Logo depois o Confiança empatou, num belo gol de Serginho, que dominou com o pé esquerdo e chutou com o direito (15), sem chance para o goleiro.
No final, o atacante Frederico (16), do Fluminense, teve a chance de desempatar numa cobrança de pênalti. Mas, intimidado pelo experiente goleiro Pantera (17), o jogador carioca (18) e chutou para fora.
Hoje o Sousa precisa de uma vitória por dois gols para eliminar o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro (19), sem ir para os pênaltis, e o Flamengo tenta se vingar da surpreendente derrota em casa para o Sport Clube Palmeiras (20).

Erros (ou vicios):
(1) O nome do clube vem sempre no começo. Ele é que é o sujeito da ação.
(2) Goleiro de time pequeno, quando não toma gol, está sempre “em noite inspirada”.
(3) Há sempre que destacar um dos jogadores. No caso, Jean Batatais realmente foi bem.
(4) Os jogadores do time principal sempre são vítimas da violência do adversário.
(5) O gol do pequeno sempre é obra do acaso, nunca do merecimento.
(6) Antevisão de vitória no próximo jogo.
(7) O time principal sempre cede o empate. Nunca é o outro que o conquista.
(8) É preciso diminuir o adversário. Aposto que várias reportagens disseram que é a primeira vez que o Racing disputa uma Libertadores.
(9) Não precisamos explicar quem é o jogador do grande time.
(10) O gol adversário é culpa do time principal, nunca merecimento do time pequeno.
(11) Foi o miolo da zaga quem falhou, não uma bela infiltração de Elias.
(12) Essa eu nem preciso explicar.
(13) Promessa de vingança, afinal, não é natural o time grande perder.
(14) O zagueiro estava lá no ataque, mas um gol do time pequeno é sempre casual.
(15) Os gols do time grande merecem descrição. Os do pequeno, não.
(16) Como não sabemos os apelidos dos jogadores do time pequeno, recorremos à súmula, onde está o nome completo. Aliás, eu nem sabia que o Fred se chamava Frederico.
(17) O goleiro, ao contrário de Frederico, tem apelido e é sua fama que atrapalha o atacante adversário.
(18) Se é de um time carioca, o jogador é carioca. Muitas vezes falamos “o jogador boliviano” só porque o cara está num time boliviano, mas ele nasceu em Caracas.
(19) É preciso especificar a cidade do time pequeno.
(20) Confusão de nomes. O pobre repórter tentou mostrar conhecimento e falar o nome inteiro do clube, mas confundiu Palmeiras e Corinthians e inventou um novo time.


quarta-feira, 3 de março de 2010