segunda-feira, 15 de junho de 2009

Minha proposta de reforma ortográfica

A função da escrita é transmitir e registrar informações, conhecimentos e idéias e, portanto deve ser objetiva e não deixar margem a dúvidas; para isso, em todas as línguas existem regras para a escrita, mas em algumas línguas essas regras às vezes não ajudam, ao contrário complicam a vida de quem escreve.
Um exemplo disso é a recente reforma ortográfica, que trouxe, na minha opinião, mais confusão na nossa língua. Vejam o caso do hífen; decidiu-se eliminar o hífen em palavras compostas, porém existem algumas exceções que complicaram tudo. Pergunto: porque não eliminam de uma vez, já que o hífen (diferentemente do hímen) não faz falta nenhuma.
Melhor ainda: deixar cada um escrever como quiser, desde que fique claro o que se quer dizer. Tanto faz eu escrever “guarda-chuva” ou “guarda chuva”, ninguém tem dúvida sobre o que estou escrevendo.
Na minha incansável cruzada em prol do bem estar dos meus compatriotas, apresento aqui uma sugestão de reforma ortográfica que facilitará imensamente a vida das futuras gerações e diminuirá a importância dos professores de português.
Eis a minha reforma:

1) Uma letra terá sempre o mesmo som; assim, o S será sempre sibilante, como em “sábado”, mesmo entre vogais, desaparecendo assim o dígrafo “SS”. Por outro lado, o “C” teria sempre o som gutural, como em “cobra”. Desse modo, “você” se escreveria “vosê”; no começo parece estranho, mas as novas gerações vão aceitar numa boa. O som do “Z” será sempre representado pela letra “Z”, óbvio, até nos casos em que hoje se usa “S”; exemplo: não mais “casa” e sim “caza”.
2) A letra “X”, que hoje representa vários sons, representará apenas o da palavra “xale” e será usada no lugar do dígrafo “ch”. O pobre X hoje tem, além desse, vários outros sons: o de Z, como em “existir”, o de S como explicar “, o de CS, como em” fixar “. Deixemos de sobrecarregar o X e escrevamos as palavras acima deste modo: ezistir, esplicar e ficsar.
3) O hífen e os acentos serão opcionais, ficando a critério de quem escreve. Se o escrevedor achar que o acento é importante, ele usa; caso contrário, deixa sem acento e aguenta as conseqüências.
4) Acabar com o H mudo no começo da palavra; abaixo o "hidrogênio", viva o "idrogênio". Esta não é uma grande novidade, já que o H inicial não existe no italiano.

Claro que esta é mais uma idéia maluca, mas alguém precisa tomar a iniciativa de simplificar a escrita e favorecer os futuros estudantes.
Escrever é mais ou menos como comer. A pessoa se alimenta tanto comendo um prato de feijão com arroz, bife e batatas como gastando uma nota preta num restaurante caríssimo, só que neste último caso o objetivo não é só se alimentar, mas também extrair da refeição o máximo prazer possível. O mesmo se dá na escrita: pode-se transmitir o que se quiser tanto escrevendo um texto simples, como usando frases elegantes e bem construídas, cuja leitura causa prazer aos que sabem apreciar, mas com ambas as formas se consegue dar o recado.

INAUGURADA A SESSÃO "COLABORADORES"

É com muita honra e satisfação que publico hoje dois textos enviados por amigos colaboradores. "Pérolas da Burocracia", foi enviado pelo Gian Battista Maschereti e "Como vencer a pobreza e a desigualdade" recebi do Luciano Talocchi (Mascheretti e Talocchi,tutti bonna gente). Agradeço as colaborações e receberei com muito agrado outras que meus fiéis leitores quiserem mandar.

PÉROLAS DA BUROCRACIA

Você pensava que seu dinheiro dos impostos está sendo mal empregado??? Ledo engano, nosso Governo e nossos legisladores estão mais do que atentos e eficientes, pelo menos no que diz respeito a vespas e marimbondos.
Na quarta feira 1 de Abril de 2009 o jornal O ESTADO DE SÃÕ PAULO publicou, na seção agricola, a carta de um leitor e a resposta dada pelo jornal. Em vista da data, pensei que se tratasse de uma mentira jocosa, mas é coisa séria, acreditem!

"Como me livrar de marimbondos e vespas que tomaram conta da minha casa num sítio em Jacareí (SP)? Já tentamos afastá-los, mas eles voltam cada vez mais poderosos, a ponto de nos impedir entrar em casa. Eles se instalam nas telhas, nos lugares onde não há forro. ....." (Paulina Faiguenboim - São Paulo - SP )


O pesquisador do Instituto Biológico (IB - Apta) João Justi Junior explica que estes insetos polinizam plantas e auxiliam no controle de pragas .... "Estes insetos são parte da fauna brasileira (sic), protegidos por lei. Não podemos recomendar nenhuma forma de controle nem remanejamento. A Lei nº 9.605/98 permite apenas que se faça a remoção ou controle de colonias de vespas e marimbondos desde que seja devidamente caracterizado o risco que estas espécies trazem ao homem, e desde que expressamente autorizado pela autoridade competente" (grifos nossos)
Deve-se fazer o registro fotográfico da situação de risco, como prova para eventuais explicações para a realização do controle ou do remanejamento de ninhos.

Segundo o proprietário da empresa SOS Abelhas, especializada na captura de enxames, Antonio Padovani Junior, o "Toninho das Abelhas", uma das soluções é recolher os ninhos e soltá-los em local distante . Como é proibido por lei matar os marimbondos, Toninho aconselha ensacar, com luvas, os ninhos em sacos plásticos grandes. Depois, retirar os ninhos, fechando o saco plástico e em seguida soltando-os na mata, a pelo menos 300 metros de distancia da casa. Toninho diz que a captura deve ser feita à noite.

COMO VENCER A POBREZA A DESIGUALDADE

Imperdível para amantes da língua portuguesa, e claro também para professores. Isso é o que eu chamo de jeito mágico de juntar palavras simples para formar belas frases.
REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES

Tema:'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ


'PÁTRIA MADRASTA VIL'

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra?
De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?


Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por essa redação.
A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

PROVÉBIOS DESATUALIZADOS

“Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”

Este é mais um provérbio que está totalmente fora de moda e deve ser retirado urgentemente da relação de provérbios utilizáveis. Com efeito, se alguém for pego com um pássaro na mão será enquadrado como criminoso ambiental, será preso em flagrante, sem direito a pagar fiança para responder ao processo em liberdade, terá sua foto publicada nos jornais e provavelmente será duramente criticado pela Fátima Bernardes no “Jornal Nacional”.
Portanto, jamais digam esse provérbio aos filhos ou netos, para não serem acusados de cúmplices ou mandantes do crime.